A “ausência de uma proposta e de resposta” por parte do Ministério da Saúde às revindicações faz com que os enfermeiros voltem a fazer greve em todo o País, hoje e amanhã, justificou à TSF o presidente do Sindicato dos Enfermeiros da Madeira.
Juan Carvalho lembra que o Governo da República assumiu em Outubro do ano passado que, num período de seis meses, iria concluir a negociação com os sindicatos em torno da revisão da carreira de enfermagem e simultaneamente a actualização da grelha salarial, mas até hoje tal compromisso não foi concretizado, daí o “conjunto” de greves que os enfermeiros estão a realizar entre Setembro e Outubro.
No passado dia 4 estava agendada uma reunião, mas o Ministério da Saúde desmarcou. A uma semana do Governo da República entregar na Assembleia da República a proposta de lei do Orçamento de Estado para 2019, Juan Carvalho receia que fique tudo igual.
Os dois dias de greve têm por objectivo “forçar” o Governo da República “a cumprir o que prometeu e respeitar aquelas que são as legitimas reivindicações dos enfermeiros, cuja negociação deveria ter terminado em Junho.
Os enfermeiros “não vão baixar os braços” porque sentem-se “defraudados”, avisa o dirigente sindical.
Entretanto, no passado dia 4, estava agendada uma reunião com os sindicatos, mas o Governo da República adiou para sexta-feira, dia 12.
Para a próxima semana estão marcados mais 4 dias de greve; a 16, 17, 18 e 19 de Outubro. A manutenção desta paralisação vai depender do resultado dessa reunião. Juan Carvalho assegura que “os enfermeiros nunca tiveram tão unidos num processo de negociação e de luta como agora e a nossa expectativa é que depois destes dois dias de greve, o Governo da República materialize na sexta-feira os compromissos que foram assumidos com esta classe profissional”.
A greve de hoje realiza-se exclusivamente na área hospitalar, mais precisamente no bloco operatório e amanhã alarga-se a todos os serviços na área hospitalar e na área dos cuidados de saúde primários, dia em que está marcada uma concentração junto do Hospital Dr. Nélio Mendonça pelas 14:30. Em Lisboa, a manifestação dos enfermeiros realiza-se em frente ao Ministério da Saúde.
A paralisação foi convocada por quatro sindicatos: Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) , Sindicato dos Enfermeiros da Madeira (SERAM) , Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR) e Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE).
Serviços de saúde condicionados
O SESARAM avisa que a greve dos enfermeiros poderá condicionar a prestação de alguns serviços na Madeira que envolvam o exercício de actividades por parte dos profissionais de enfermagem.
A nota enviada ontem pelo gabinete de comunicação do SESARAM diz que a greve de hoje abrange apenas as unidades hospitalares, sendo “previsível que afecte directamente a actividade cirúrgica programada no Bloco Operatório e na Unidade de Cirurgia de Ambulatório”.
Para amanhã, a greve dos enfermeiros “poderá afectar a prestação dos cuidados de saúde nos Centros de Saúde da Região e nos Hospitais”. O SESARAM informa ainda que para minimizar os efeitos causados pela greve, os utentes que necessitam de cuidados prestados por este grupo profissional, devem contactar previamente os serviços mencionados de modo a avaliar as condições da viabilidade do atendimento, sendo que todas as situações urgentes serão atendidas e os serviços mínimos salvaguardados.
O SESARAM e os seus profissionais “farão o que estiver ao seu alcance, sem prejuízo do direito à greve, para minimizar os efeitos desta junto dos utentes