Aumento da idade da reforma apesar da diminuição de números de anos de vida saudável
O aumento da idade da reforma no nosso país (66 anos e 9 meses em 2026), é incompreensível num contexto em que os portugueses apesar do aumento da esperança de vida, têm uma clara diminuição de número de anos de vida saudável.
O economista Eugénio Rosa afirma que o aumento da idade de reforma e da aposentação (entre 2013 e 2026 aumentará um ano e 9 meses) e a diminuição do número de anos de
saudável dos portugueses (entre 2013 e 2022 , reduziu-se em 4 anos) obrigando muitos trabalhadores a pedirem a reforma/aposentação antecipada, sofrendo dois cortes na pensão (0,5% por cada mês que falte para a idade de reforma), e a do fator de sustentabilidade que aumentou muito com a alteração da formula cálculo por passos coelho/portas em 2014 (entre 2008 e 2025, subiu de 0,56% para 16,93%).
Desta forma o economista refere que é notório que existe uma situação grave e muito injusta em relação às pensões, que as reduz muito, e que não tem merecido atenção por parte dos sucessivos governos. A situação é o facto da esperança de vida à nascença estar a aumentar mas o numero de anos de vida saudável dos portugueses estar a diminuir muito e, apesar disso, a idade de acesso normal à reforma e aposentação não para de aumentar e rapidamente, obrigando os portugueses ou a trabalhar cada vez mais anos sem saúde para terem direito à pensão completa ou então a se reformarem ou aposentarem antecipadamente com pensões reduzidas devido a dois cortes elevados a que elas são sujeitas. Esta é uma questão essencial que no chamado “Livro Verde para a sustentabilidade da Segurança Social”, que esteve em debate publico em dezembro de 2024, é totalmente ignorada.
Como conseguimos ver no gráfico a esperança de vida à nascença aumenta em Portugal, mas o número de anos de vida saudável diminui.
O gráfico 1, com dados da PORDATA, que os copiou do INE, e do Eurostat mostra a evolução da esperança de vida à nascença e do número de anos de vida saudável em Portugal, uma análise muito importante para o SNS e que devia ser também para fixar a idade de acesso normal à reforma e aposentação o que não acontece, que tem sido sistematicamente ignorada.
Entre 2013 e 2022, a esperança de vida em Portugal aumentou um ano (subiu de 80 para 81 anos), mas o número médio de anos de vida saudável dos portugueses diminuiu 3,9 anos (caiu de 63 para 59,1), o que é dramático. Em média vive-se em Portugal 21,9 anos de vida não saudável (com doenças). Este aumento significativo da duração vida não saudável que o gráfico revela (17 anos em 2013 e 21,9 anos em 2022, o de 2023 e 2024 ainda não disponibilizado pelo Eurostat) é naturalmente uma consequência, por um lado, do agravamento das condições de vida dos portugueses e, por outro lado, das dificuldades crescentes do SNS. Este aumento do tempo de vida não saudável contribui para a subida dos custos com a saúde e diminuição da produtividade devido ao número de dias de baixa que causa, mas também ao trabalho em condições deficientes de saúde.
Desta forma o economista Eugénio Rosa conclui que é urgente acabar com esta dupla penalização que tem a mesma justificação - aumento da esperança de vida aos 65 anos – até porque o nº de anos de vida saudável tem diminuído e as pensões são baixíssimas no nosso pais sendo a causa disso os baixos salários, carreiras contributiva incompletas (29 anos na Segurança Social e 34 na CGA o que reduz já a pensão em 25%) a que se junta ainda este duplo corte injusto que reduz ainda mais as pensões. Um trabalhador que se reforme em 2025 com 65 anos se tem já uma pensão reduzida por ter uma carreira contributiva incompleta, essa pensão é ainda reduzida pelo duplo corte que é 24,8% ( idade a menos + fator de sustentabilidade)
Fonte: https://www.eugeniorosa.com/articles/download/535