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25 de Abril: Uma Revolução no Mundo do Trabalho em Portugal

 

O 25 de Abril de 1974 representa um marco indelével na história de Portugal, não apenas pela restauração da democracia e da liberdade, mas também pelas profundas transformações que operou no mundo do trabalho e na vida dos trabalhadores portugueses. Antes da Revolução dos Cravos, o regime ditatorial impunha um controlo férreo sobre a sociedade, e o universo laboral não era exceção.

 

O Cenário Pré-25 de Abril: Restrição e Precariedade

No Portugal antes de 1974, os trabalhadores viviam sob condições de grande precariedade e ausência de direitos fundamentais. A semana de trabalho era longa, frequentemente ultrapassando as 48 horas, e o direito a férias pagas era inexistente ou residual para muitos. Não havia salário mínimo nacional que garantisse uma base de rendimento digna, e os despedimentos sem justa causa eram uma realidade. As mulheres, em particular, enfrentavam discriminações graves a nível salarial e restrições ao acesso a certas profissões.

O sindicalismo existia, mas de forma fortemente controlada e subserviente ao regime. A liberdade de associação era limitada, as reuniões de trabalhadores eram vigiadas e a greve era proibida e reprimida. Não existiam mecanismos eficazes para a negociação coletiva, deixando os trabalhadores à mercê da vontade patronal.

 

As Conquistas Imediatas da Revolução

Com o 25 de Abril, houve mudanças radicais. A queda da ditadura abriu caminho para a conquista de direitos laborais há muito reivindicados. Imediatamente, assistiu-se a uma efervescência social e sindical sem precedentes. A liberdade sindical foi restaurada, permitindo a criação e o fortalecimento de sindicatos livres e representativos.

Entre as conquistas mais significativas destacam-se o estabelecimento do salário mínimo nacional, a consagração do direito a férias pagas, a redução do horário de trabalho, e a garantia do subsídio de Natal e de férias. O direito à greve foi reconhecido como um instrumento fundamental na defesa dos interesses dos trabalhadores. A segurança no emprego foi reforçada, limitando os despedimentos sem justa causa.

 

Impacto a Longo Prazo e a Consolidação de Direitos

Ao longo das décadas seguintes, o espírito de Abril continuou a influenciar a legislação laboral portuguesa. A Constituição da República Portuguesa de 1976 consagrou um vasto leque de direitos dos trabalhadores, incluindo o direito à negociação coletiva, à participação na vida das empresas e à proteção social. Foram criados e aperfeiçoados mecanismos de segurança social, como o subsídio de desemprego e pensões.

O 25 de Abril permitiu a emergência de um diálogo social tripartido, envolvendo governo, sindicatos e entidades patronais, fundamental para a construção de relações laborais mais justas e equilibradas. A entrada das mulheres no mercado de trabalho aumentou significativamente, embora a luta pela igualdade salarial e de oportunidades ainda persista.

 

Preservar os Valores de Abril no Presente

Cinquenta anos depois, é fundamental recordar e preservar os valores e conquistas do 25 de Abril no mundo do trabalho. A liberdade, a democracia, a igualdade e a justiça social continuam a ser pilares essenciais para garantir condições de trabalho dignas e o bem-estar dos trabalhadores.

Para preservar estes valores nos dias de hoje, é crucial:

* Fortalecer o sindicalismo: Incentivar a filiação e participação sindical como forma de garantir a defesa coletiva dos direitos.

* Promover o diálogo social: Manter canais abertos de comunicação e negociação entre trabalhadores, empregadores e governo.

* Combater a precariedade: Lutar contra formas de contratação instáveis e que fragilizam os trabalhadores.

* Garantir a igualdade: Continuar a trabalhar pela igualdade salarial e de oportunidades entre homens e mulheres e no combate a todas as formas de discriminação no trabalho.

* Adaptar o direito do trabalho: Assegurar que a legislação laboral acompanhe as transformações do mercado de trabalho, protegendo os trabalhadores em face dos novos desafios (digitalização, novas formas de organização do trabalho, etc.).

* Educar para os direitos: Informar e consciencializar os trabalhadores sobre os seus direitos e deveres.

 

O 25 de Abril não foi apenas um momento de rutura política, mas também uma verdadeira revolução social que transformou profundamente o mundo do trabalho em Portugal. Celebrar Abril é, por isso, também celebrar e defender os direitos e a dignidade dos trabalhadores, garantindo que os valores da Revolução continuem assim iluminar o futuro das relações laborais em Portugal.

 

 

SERAM, sempre com os enfermeiros da Madeira e Porto Santo!

Estar sindicalizado é mais seguro!